sexta-feira, 17 de setembro de 2010

GP da Itália !


Se tem um lugar no mundo que respira velocidade, este lugar é com certeza a pequena cidade de Monza na Itália, onde é disputado o GP mais veloz da temporada! Uma vez por ano, nos arredores de Milão, os carros roncam seus motores em níveis frenéticos, em uma disputa mais de máquinas até do que de pilotos. Aceleradores no talo! Alta velocidade a todo instante, poucas curvas, a maioria de pé embaixo, chicanes para dar mais emoção onde pinças de freio em um vermelho incandescente são levadas à completa exaustão do material ultra-resistente. Aliás, vermelho é a cor da festa, por todo canto que se olha um tifosi desfila orgulhoso com a camisa, bandeira ou boné da equipe que carrega o escudo amarelo, a cor oficial de Maranello com o Cavallino Rampante do aviador Francesco Baracca. Os carros vermelhos são os pilares da festa invariavelmente, quem os pilota tem a difícil missão de levar as dezenas de milhares de expectadores que estão in loco na pista ao delírio. 
 
A pista de altíssima velocidade é hoje algo raro de se encontrar na Fórmula 1 atual, pistas como as de Silverstone ou “Silvastone” para os mais íntimos, Spa Francorchamps, Paul Ricard, Interlagos antigo, Hermanos Rodriguez e sua peralta curva Peraltada, onde Nigel Mansell tirou o fôlego do mundo ao ultrapassar o Berger por fora com sua Ferrari em 1990, e por que não as antigas pistas alemãs de Hockenheim e Nurburgring deveriam ser imortalizadas. É muito triste que de certa forma acabaram com todas elas, reduziram seu traçado e emoção, ou simplesmente as eliminam do campeonato, tudo em troca de agradar aos patrocinadores e às televisões. E o torcedor? O que ele importa? Pelo visto nada, é apenas alguém que independente de onde e como a categoria corra, estará lá consumindo os caros produtos do circo. É difícil hoje lembrar destes bons tempos da Fórmula 1 sem ao menos se preocupar com os rumos comerciais que a categoria tomou. 

Pistas modernas e caríssimas, belas na verdade, largas, de um padrão arquitetônico de cair o queixo, porém frias, de média velocidade, com poucos pontos de ultrapassagem e com um público pouco identificado com o esporte. A Fórmula 1 esta cada vez mais abandonando suas raízes e se por um lado alcança hoje praticamente todas as regiões do planeta, está perdendo sua base histórica, a Europa. Pode parecer um certo exagero de minha parte dizer isso, mas é a mais pura verdade. Já ficamos um ano ou dois sem correr em Spa Francorchamps, perdemos Estoril e a França de tanta história no esporte não tem mais o seu GP. Acredito ser perigoso demais para qualquer categoria ou esporte perder a identificação com seus principais palcos e também com suas próprias características. 

A Fórmula 1 continua a ser um esporte fascinante, porém sem o magnetismo de outrora, assim como a Copa do Mundo da FIFA por exemplo, que de tão organizados e controlados que se tornaram, praticamente tornou-se algo fora do alcance do torcedor romântico e clássico. O Popeye (Bernie Ecclestone) é pouco apegado às tradições e literalmente vê a situação do ponto de vista comercial apenas, e lamentavelmente, tenho que admitir, corridas com a atmosfera de Monza é cada vez mais raro na Fórmula 1. O arquiteto alemão Hermann Tilke desenhou pistas lindas como eu disse, mas maçantes do ponto de vista da competição em si.


Voltando a Monza, a corrida foi emocionante do ponto de vista da velocidade, se bem que na velocidade que os carros desenvolvem nesta pista, raramente uma corrida lá pode ser considerada chata, mas do ponto de vista que mescla a velocidade com disputas na pista, ela foi razoável. Venceu o conjunto mais rápido de todo o final de semana, para a alegria dos Tifosis, Alonso venceu com Massa em terceiro. O sonolento Button chegou na segunda posição, e completou a trinca dos desafiantes ao título, com exceção apenas do Robinho, ou melhor, do Hamilton. 

O resultado mostrou claramente que o motor Renault da Red Bull não é dos melhores, e que o chassi da dupla dos carros chifrudos é o grande diferencial, assim como a própria Mercedes mostra isso a cada prova em que ela é largamente superada pela Mclaren. O ogro do Webber terminou em um discreto sexto lugar e o Fraldinha do Vettell em quarto. Nosso Barrica no seu 301º GP na categoria marcou um ponto com o décimo lugar. Lucas di Grassi fez o que pode, e ficou na pista até o carro ter problemas e o Bruno Senna coitado... O que ele pode conseguir com aquela carroça a vapor do tio Tomás? Deu apenas 9 voltas até parar com um dos problemas mais comuns em todos os tempos na categoria, pane hidráulica. Agora é aguardar as etapas finais do campeonato e quem sabe com Alonso na disputa a categoria fique ainda mais apimentada!


Gostaria apenas de fazer um registro final sobre o GP anterior na Bélgica, palmas para os organizadores que trouxeram o leão Nigel Mansell para ser um dos “fiscais” que analisou os casos envolvendo a disputa entre os pilotos, foi hilário, o Mansell? Podia até capotar que para o leão seria apenas um acidente de corrida, em seu melhor estilo. Gostei.

Daniel Gimenes

Fotos GP Japão 2009

Um comentário:

  1. Muito bom o texto !!! Parabéns a você Lima san e ao parceiro ai Daniel ....

    Abraços

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