quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Carlos Burza "e a paixão pelo automobilismo"


E o entrevistado desta vez é o piloto Carlos Burza, advogado, casado e pai de uma filha. Burza que corre na categoria Itaipava  GTBR4, com seu Ginetta G50 e tem como parceiro de equipe o piloto Leonardo Burti, possui ainda um escritório de advocacia com seu amigo e sócio, o piloto Marçal Mello.

Carlos Burza, aprendeu a dirigir muito cedo, sua paixão pelo automobilismo vai além das corridas, gosta de restauração de veículos e dos passeios de carro com os amigos. Fã de Jim Clark, Emerson Fittipaldi entre outros, ele conta aqui hoje um pouco de sua história. 

Quando e como surgiu o seu interesse pelo automobilismo ?

Para dizer a verdade, nem me lembro quando comecei a me interessar por automóveis, de tão antiga que é essa paixão (risos). Desde muito cedo eu já folheava as revistas de automóvel que meu pai e meus irmãos compravam. Além disso, ia sempre aos salões de automóvel e curtia muito os passeios de carro com meu pai. Sempre que passava alguma corrida pela TV eu assistia. Era fã do Jim Clark e depois do Emerson e do Moco.

O amigo e sócio Marçal Mello, foi uma pessoa decisiva na sua carreira de piloto ?

Em 1996, finalmente consegui fazer o curso de pilotagem do Beto Manzini. Por coincidência foi o ano em que conheci o Marçal. Éramos adversos em uma causa e acabamos por reconhecer o trabalho de um e do outro. A partir de então, após a solução daquele processo, passamos a dividir vários casos e em 1999, nos tornamos sócios. A paixão pelo automobilismo, por parte dele, acredito que começou perto desta época e acabamos por comprar nosso primeiro kart ainda em 99. Daí para a frente, caminhamos, senão juntos, muito próximos. Em 2004 compramos um Aldee Spyder, que temos até hoje. Nunca corremos oficialmente, usávamos só para treinos em Interlagos. Em 2002 comprei um Porsche 911 Carrera, 1995 e passei a freqüentar os eventos do Porsche Club. Uma semana após eu comprar meu Porsche o Marçal comprou uma Ferrari 348 e então começou a saga dos passeios em estradas, que fazíamos juntos. A diferença era que eu chegava ao final e ele parava com o carro quebrado (LOL). Acho que nos influenciamos reciprocamente nesse tempo todo. Hoje a maior parte das decisões que são tomadas frente à equipe, vêm depois de muita conversa nossa.


Você encontrou muitas dificuldades em pilotar um carro com direção do lado direito ?

A direção do lado direito não me causou nenhum problema, desde o início. Mudam algumas referências, porque as curvas para esquerda parecem que são mais largas e você mantém as referências das outras que são para a direita. Acho que foi uma experiência muito rica que me tornam apto para dirigir qualquer carro de turismo em qualquer ocasião. Nunca errei o lado de entrada no carro (risos).

Você disputou grande parte do campeonato da Itaipava GT sozinho, porque buscou um parceiro nas etapas finais ? E como é correr em dupla ?

Porque o Marçal me encheu o saco para correr com alguém. Disse que eu nunca ganharia uma prova sozinho e que precisávamos mostrar bons resultados com a vinda dos Ginettas. Aliado a isso, eu terminava as provas muito cansado e nem percebia. Só quando via os dados de troca de marcha que puxávamos da ECU é que comecei a ver que os erros ficavam mais freqüentes no final das provas. Então chamei o meu amigo Leonardo Burti para correr comigo. Sempre gostei do estilo dele dirigir, desde o tempo dos karts. Com isso, estou aprendendo mais rápido porque posso contar com alguém que conversa comigo sobre o modo de guiar e acertar o carro, além do que já fazia com o Manelão e com os filhos dele. Gosto de discutir a forma de guiar e acertar o carro, quase tanto quanto pilotar e isso faltava na equipe.


Como foi trocar a Maserati por um Ginetta, você acha que o G50 vai conquistar seu lugar entre seus concorrentes mais famosos ai no Brasil ?

A Maserati é um carro muito bom e ter começado a carreira  com ela foi muito gratificante. Tem uma potência incrível, um barulho maravilhoso. Ainda vai dar muito trabalho nos próximos anos. No entanto, resolvemos que para dar ânimo à categoria, precisávamos trazer algo novo e o escolhido foi o Ginetta. Achamos que seria o melhor custo/benefício e era um carro de corrida legítimo. Acertamos. O carro revelou-se ser excelente, tanto no acerto como na pilotagem. Não tem controle de tração e não tem ABS, fazendo com que a gente tenha que apurar o modo de pilotar. O que de início parecia ser um carro dócil, mostrou que você tem que trabalhar para que ele premie o piloto com um tempo baixo de volta. Falta potência, são só 325 HP, mas contorna muito, a ponto de termos ganho 3 corridas neste ano. Acho que o Ginetta já conquistou seu lugar aqui nas terras tupiniquins, até porque é o único carro GT4 legítimo e homologado pela SRO. Já tem até torcida!

Você recebeu uma homenagem dos fãs em um vídeo na Internet, o que achou ?

Essa homenagem foi emocionante. Eu sabia que iam fazer pro Marçal, mas não esperava que dedicassem algo para mim. É uma experiência nova e gratificante para mim. Nunca tive fãs. Aí você corre, no meu caso há dois anos, e vai conquistando a atenção das pessoas, sem saber. Quando eu ganhei as corridas de Curitiba neste ano, junto com o Burti, as pessoas saiam de todos os lugares para me cumprimentar. Muitos mecânicos, até de outras equipes vieram me abraçar, pilotos, público, foi realmente inacreditável. Gente que você não imagina que torça para você. A impressão que eu tive, é que eu tinha ganho na geral, tal foi o número de pessoas que foram ao meu encontro me cumprimentar e abraçar. No caso da homenagem, foi tudo orquestrado pelos amigos do Twitter, amigos novos mas todos muito queridos

Quais foram seus melhores resultados na categoria Itaipava GT ?

No ano passado, ainda correndo com o Samuel Melo, irmão do Marçal, fui terceiro em Curitiba, debaixo de muita chuva, chegando a cinco segundos do Cleber e do Edu Guedes, depois de cair para último lugar. Para mim foi uma vitória. Depois em Londrina estava andando em 2º quando a correia do motor quebrou, mas ainda assim chegamos em sexto. No Rio fomos sexto, com o carro pegando fogo nos freios.

Neste ano, os resultados vieram sobretudo com a chegada dos Ginetta. Mas houve um 5º aqui em São Paulo, com a Maserati, onde corri só. Depois no Velopark, já com o Burti fomos segundo na segunda prova, tivemos as duas vitórias em Curitiba, um terceiro em Interlagos e um quarto também em Interlagos.


Você se cobra muito na carreira de piloto ?

Eu nunca pensei numa carreira de piloto. Eu sou advogado. É isso que sei fazer de melhor e é daí que tiro o meu sustento. Não ganho dinheiro como piloto. No entanto as cobranças sempre vêm e aquelas que vêm de você mesmo são as mais cruéis. Nunca vou bem em classificações , em parte por causa disso. Perco a pouca concentração que tenho pensando em fazer um tempo bom e acabo errando. Mas estou trabalhando isso e vou melhorar.

Você tem uma grande empresa como patrocinadora, foi fácil conseguir este apoio ?

Eu e o Marçal somos advogados da Krones Do Brasil Ltda. Que é fornecedora de máquinas para cervejarias. Assim, conhecemos o pessoal da Petrópolis e os dois grupos juntos nos deram a honra e a fantástica oportunidade de participarmos dos Campeonatos de turismo de 2008/2009/2010 e se Deus quiser, outros mais virão como fruto dessa união.

Qual é o circuito brasileiro que mais gostou de correr ?

Conheço poucos circuitos. Mas gosto muito de Curitiba e Londrina. No ano que vem vamos conhecer outros circuitos e aí eu te falo com mais conhecimento.

Hoje você está em uma categoria das mais importantes do automobilismo nacional, passou por você a ideia de abandonar tudo por conta de algum obstáculo ?

Não penso em abandonar o automobilismo. Mas não conseguiria ir adiante sem os patrocinadores. Enquanto estes quiserem que eu corra, continuarei na Itaipava GT Brasil. Pois piloto por gosto. Tenho imenso prazer em correr e é a realização de um sonho de criança. Felizmente não tive obstáculos que me impedissem de correr, como alguma doença, por exemplo. Minha esposa e minha filha me apoiam sempre, enfim, enquanto for abençoado com a oportunidade de correr, vou continuar atormentando o pessoal nas pistas. (risos).


Quais os principais requisitos para se tornar um piloto da categoria Itaipava GT e quais são seus planos para 2011 ?

Os principais requisitos para correr na GTBR, são os já conhecidos dos leitores. Em primeiro, gostar de correr. Obter um carro e uma equipe que cuide bem dele e do piloto. Condições financeiras de suportar o esporte, condicionamento físico e saúde suficiente para o esforço físico (que não é pouco), apoio da família e dos amigos. Para 2011 penso que a grande meta é a disputa do Campeonato. Penso ter chegado a um nível no qual já posso, sem falsa modéstia, em perseguir este objetivo. Além disso, conto com tudo aquilo que já falei no parágrafo anterior, mais a experiência adquirida nesses três campeonatos disputados.

Você está a quanto tempo no micro-blog twitter e o que acha desta ferramenta de interação como os fãs ?

Não sei exatamente, mas devo estar no twitter, por volta de uns 10 meses. Acho uma ferramenta útil, pra diversão, estabelecer contatos de negócios e até achar pessoas.

Qual o recado que você dá, para quem quer começar no automobilismo ?

O principal, para quem realmente gosta de automobilismo é persistir. Praticar quando puder, com o que aparecer; escolinha, kart de aluguel, speed 1600, fórmula classic, até corrida de cortador de grama. Aprenda, lendo, com outros pilotos, com mecânicos, prestando atenção em detalhes das corridas que assiste, etc. Corra atrás das oportunidades, sempre e não desista nunca.

Para encerrar, vale destacar um fato interessante entre os pilotos da equipe Krones, a “amizade e o companheirismo” de ambos, nos dois setores de atuação, tanto na carreira de advogados quanto nas pistas, o que é cada vez mais raro de se ver nos dias de hoje. E que o sonho é uma questão de persistência e determinação não importa a idade. Gostaria de agradecer ao "Gentleman driver " Carlos Burza pela entrevista exclusiva. Domo Arigato Gozaimashita !

4 comentários:

  1. Fantástica a entrevista com o piloto Carlos Burza. Não esquecendo das imagens cedidas pela Kátia Hashimoto.
    Parabéns mais uma vez Rogerio!

    Att.
    Altair Cordeiro
    @Altair.F1

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  2. Valeu Altair pelo comentário, acho legal dedicar um pouco deste espaço aqui, para os leitores conhecerem mais sobre os pilotos...Em 2011, pretendo fazer mais entrevistas...

    Abraços

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