Domingo passado foi a vez do Brasil sediar pelo trigésimo nono ano consecutivo a quadragésima corrida de Fórmula 1 disputada em seu território, isso porque em 1974 houve uma etapa extra-campeonato em Brasília. E por falar em extra, meu Deus, a Fórmula 1 já teve em sua história diversas etapas extra-campeonato, sei lá quando foi a última, mas desde que eu me entendo por gente nunca vi uma etapa assim. Mas não foi pra isso que eu escrevi este texto, mas para mostrar através destes números supracitados a importância do evento para o automobilismo nacional.
Quantos países no mundo podem se gabar de por tanto tempo em sequência terem recebido a categoria máxima do automobilismo mundial? Poucos, ainda sim europeus. Quantos países podem se gabar de terem vistos seus pilotos nacionais vencendo 10 corridas em seu território? Poucos... Quantos países podem se gabar de possuírem mais de 100 vitórias na Fórmula 1? Poucos... Quantos países podem se gabar de terem conquistado 8 campeonatos mundiais da categoria? Um ou outro... Quantos países podem se gabar de terem 4 pilotos na categoria? Sendo dois em equipes pra lá de históricas e campeãs? Um ou outro... Agora, qual país pode se envergonhar de que seus pilotos, que são quatro e não fizeram absolutamente nada em casa? Nem entre os dez primeiros chegaram? Só o Brasil!
Realmente a participação dos pilotos brasileiros na prova foi lamentável, pouco empolgaram e pouco fizeram. O mais aplaudido deles chegou apenas na vigésima primeira e antepenúltima posição! Bruno Senna que corre com a Carroça a Vapor do Tio Tomás a duas voltas do vencedor levou ao delírio o autódromo de Interlagos! Um delírio contido, há muito tempo o brasileiro não soltava um gemido de é campeão. Bruno Senna com muita garra superou o seu companheiro de equipe, o australiano Cristian Klien (Carroça a Vapor do Tio Tomás Racing) a seis anos luz do vencedor.
Fala sério... Rubens Barrichello (Williams) até que vinha bem, apesar de não ter tido uma posição tão boa de largada quanto o seu companheiro de equipe, o piloto alemão debutante na temporada Nico Hulkenberg que foi apenas o POLE-POSITION na prova. Nem uma pole que fosse os brasileiros conquistaram... O Barrica foi traído pela equipe, que demorou demais no seu pit-stop, se enrolou toda e o devolveu a pista apenas na décima oitava posição! Depois levou um toque do combativo Alguersuari (Toro-Rosa). Cara, isso é nome de piloto? Bem, pneu furado, mais atraso e um décimo quarto lugar heróico.
Bem, você não iria imaginar que eu falaria isso... E não falo mesmo... Não culpo o piloto, apenas a bruxa que ela carrega dentro do cockpit a cada evento que disputa, vez por outra ele a perde e ganha algo... Felipe Massa (Ferrada) então, brincou comigo. O que acontece com o Massinha? Depois da panca da Hungria o cara não volta a ser mais o mesmo nem com reza brava! Ele pilota uma Ferrari, ou melhor, uma Ferrada! Tem que mostrar serviço! Se continuar assim não dou seis etapas para perder o posto em 2011! Já não basta os tradicionais problemas de pneus que ele sempre tem, desta vez nem ao menos encaixaram a porca corretamente pelo visto, e lá volta o piloto a parar novamente e terminar em um brilhante e empolgante décimo quinto lugar! Olé! Di Grassi (“Virge” Maria) teve problemas com a suspensão e lutou até o fim para terminar a prova pelo menos, mesmo não cumprindo 90% do percurso total desta, e sendo desclassificado perdendo a vigésima terceira e última colocação da prova. Eu imagino a vibração da torcida vendo o piloto conduzindo o seu cortador de grama.
As Red Bulls dominaram o final de semana, mas com o piloto errado, e agora Fernando Alonso (Ferrari) depende só de um segundo lugar seu para ser o campeão. Sebastian Vettel levou seu toro até a vitória e sambou no pódio ao lado do aborrecido Mark Webber, que poderia ter sido campeão por antecipação se a sua equipe tivesse optado por escolhê-lo desde a metade da temporada como o piloto a levantar o troféu. Será que para a última etapa em Abu Dhabi a Red Donkey irá fazer um jogo de equipe limpo? Com Vettel sendo o escudeiro do ogro? Tomara mesmo, pois o espanhol está babando pelo título, e se não for por uma quebra, dificilmente ele sai da prova.
O Miguel da Mercedes fez história mais uma vez ao terminar a prova na sétima posição, pela primeira vez um alemão termina uma corrida de Fórmula 1 entre dois pilotos chamados Nico e alemães também. Mais uma marca para a carreira do piloto.
Mas um piloto brasileiro se destacou pelo menos. Por fim o grande destaque do evento. O piloto mais rápido, aguerrido, valente e raçudo foi Daniel Toni (Mercedes Classe B 200), que salvou o Botão (Button) de desvendar pessoalmente as mazelas sociais do Brasil. Enfim, não vencemos, não convencemos, não pontuamos e passamos vergonha. Mas Bernie Ecclestone garantiu que o evento não será afetado por isso, e que pelos próximos 100 anos a Fórmula 1 não sairá de São Paulo. Notícia boa para os bandidos que no ano que vem poderão tentar mais uma vez. Boa também para o Oscar Niemyer que em 2050 irá desenhar as novas instalações do autódromo.
O que nos aguarda em 2011?
Daniel Gimenes - Fotos World ©Sutton
Texto ácido e muito verdadeiro!
ResponderExcluirÀs vezes eu fico com aquela sensação de que "o país tem tudo na mão e mesmo assim joga fora"...
Enfim, que venha 2011! Porque a gente se decepciona, mas não consegue parar de torcer! =D
Abração!
Rogério!
ResponderExcluirSó você pra conseguir me fazer entender alguma coisa de F1!
O texto super bem escrito, empolgante!
E o Rubinho, ah, pelo menos no Top Gear ele se deu bem!
Super abraço!
=D