A etapa de Abu Dhabi encerrou a temporada de forma genial. Vettel largou a chupeta de vez e faturou o caneco andando com maturidade nas etapas finais do campeonato. O alemãozinho de 23 anos é o mais jovem campeão mundial de todos os tempos. Este recorde que era de Emerson Fittipaldi desde 1972 vem sendo quebrado com certa constância. Alonso em 2005, Hamilton em 2008 e agora Vettel fizeram com que a idade média que um piloto chega à Fórmula 1, conquista vitórias e o título de campeão ficasse menor. Desta forma a vida útil de um piloto passou a ter uma longevidade maior na categoria.
Até a década passada um piloto ficava em média dez ou quatorze anos no máximo competindo, no caso um piloto de qualidade. Rubens Barrichello, Michael Schumacher e Jarno Trulli são exemplos de longas carreiras. A barreira de títulos também fica cada vez menor. Até alguns anos atrás era praticamente algo sobrenatural que um piloto conquistasse três campeonatos mundiais da categoria. Hoje um bom piloto tem a chance não só de vencer três títulos, mas muito mais caso conte com um bom equipamento por mais tempo. Que o diga o alemão Michael Schumacher e suas sete conquistas.
A façanha de Vettel marcou a vitória do esporte sobre a política. Em uma categoria cada vez mais voltada para resultados, que não leva mais em consideração os meios de conquistá-los, a Red Bull mostrou a verdadeira faceta esportiva há tempos esquecida por boa parte das pessoas. Claro, não serei hipócrita, é quase certo que se a Red Bull tivesse perdido o campeonato para o Fernando Alonso, eu estaria neste momento descendo o pau na decisão de não terem privilegiado o Ogro do Webber nas etapas finais do certame. Mas a vitória da equipe abriu meus olhos, me fez enxergar a situação por um ângulo há muito tempo esquecido. A esportividade acima de tudo, independente do campeão.
A forma da Marmota (Jean Todt) ganhar campeonatos mundiais, juntamente do Fred Flintstone (Ross Brawn) na época da Ferrari, no qual desde a primeira etapa do campeonato o piloto principal tinha de vencer de qualquer forma, acabou fazendo com que a busca por pontos e o jogo de equipe frio e mesquinho passasse a ser a lógica presente. A Red Bull foi pressionada o ano todo para que assumisse qual era o piloto que disputaria o título. No início do ano a imprensa em geral pressionava por Vettel, após a metade do campeonato e embalada pelos resultados do Ogro, a pressão da imprensa para que a equipe o apoiasse acabou triplicando. Dietrich Mateschitz, proprietário da Red Bull e da Toro Rosso afirmou em alto e bom som: “Prefiro ser segundo do que ganhar com jogo de equipe”. Parabéns Dietrich, finalmente uma voz de bom senso no esporte. A esportividade foi a grande beneficiada, a atitude do Manda-Chuva permitiu que o Vettel conquistasse o título de campeão.
Em contrapartida tivemos o exemplo do que aconteceu com o Sancho Pança (Felipe Massa - Ferrada) na Alemanha, do qual ele teve de ceder passagem para o Dom Quixote (Fernando Alonso - Ferraríssima), ganhar a corrida ainda no meio do campeonato. Jogo de equipe é válido sim, mas desde que um esteja na posição de pressionar o adversário do companheiro da equipe, ceder posição é anti-esportivo.
A etapa em si foi marcada pela confusão armada pelo Miguel (Michael Schumacher - Mercedes), que acabou levando junto o italiano Vitantonio Liuzzi (Force Índia). Confusão esta que acabou coroando uma temporada de equívocos do piloto alemão. Aposentadoria deve ser algo do qual você não deve pensar em revogar, com toda certeza. O pódio foi completado pela dupla da Mclaren, com o Robinho (Lewis Hamilton) e o Botão (Jenson Button) respectivamente na segunda e terceira colocações. Os brasileiros melhoraram com relação à etapa de São Paulo, se é que podemos chamar isso que vimos de melhora.
O Sancho Pança mais uma vez enfrentou os velhos problemas de sempre e foi o décimo, o Barrica terminou em décimo segundo. Lucas sem Graça (Lucas Di Grassi) da Virge-Maria (Virgin) fez o que pode com o carro que tem, ou seja, ficar à frente da dupla da Carroça a Vapor do Tio Thomas (Hispania). E por falar na carroça, os dois pilotos do time só não foram os últimos colocados por conta dos problemas que o Jarno Trulli teve no final, outro morto vivo da categoria... Bruno Senna afirmou que fez um bom papel neste ano, olha, sem tirar o mérito do primeiro sobrinho, fez na verdade o que podia com a carroça que tinha em mãos. Este carro é muito ruim, não dá para chamar o bólido de Fórmula 1 e muito menos avaliar o talento de um piloto a bordo dele.
O Dom Quixote deveria estar de parabéns pelo que fez com um carro claramente limitado durante o ano, mas não os receberá pelas atitudes que teve, tanto no episódio da Alemanha, quanto no final da corrida de Abu Dhabi. A “menina” ficou toda nervosa por que o Czar (Vitaly Petrov) da Renault não abriu caminho para ele durante a prova. A reação mundial de repúdio à atitude do espanhol em discutir ainda na pista com o piloto da Renault foi quase que unânime, simplesmente lamentável. O Czar tem tanto direito quanto ele de disputar a corrida e a posição, é para isso que os pilotos estão lá, e é isso que eles têm de fazer. O que este espanhol queria? Um tapete vermelho? Ou que o Czar batesse propositadamente para entrar um safety car? Brincou né... Me desculpe, em nenhum momento o Dom Quixote o atacou em condições de ultrapassar, quem disputa o título tem de partir pra cima.
O espanhol é bom de braço? Sim, não tenho a menor dúvida disso, porém não tinha um carro tão melhor assim que a Renault para tentar a manobra de ultrapassagem, e o Czar mostrou que não é molenga. E me desculpem mais uma vez os fãs do Dom Quixote, quem não consegue ultrapassar o Czar não merece ser campeão. E que não me venham com a velha estória da carochinha que em Abu Dhabi é impossível de ultrapassar. Quem é bom passa, não importa onde! Lembra de um tal de Senna em Mônaco na corrida de 1984 com a Toleman? Reclamar do que espanhol? Perdeu o título e se queimou no final, bem feito! O Ogro nem chiou muito, pois no fundo sabe que um título conquistado por ele seria algo inimaginável. Vamos falar uma verdade, seria difícil aturar o Ogro entre os campeões da F1. Nem brinca com isso, já temos de aturar James Hunt, Damon Hill e o Botão, este último que apesar de toda a cordialidade, não dá...
A nota triste é a dispensa do talentoso novato, o Incrível Hulk (Nico Hulkenberg) pela equipe Williams. A grana do tal Pastor Maldonado (apadrinhado do Hugo Chavez) falou mais alto, e a equipe leilou a segunda vaga no cockpit e manteve o Barrica. Dificilmente um piloto que chega desta forma na categoria vem a vingar de fato. É triste ver um talento que pode der lapidado perder o posto para um punhado de dólares. A Williams há muito tempo adotou uma postura de equipe pequena, e agindo desta forma dificilmente voltará ao topo do esporte.
A equipe que se dava ao luxo de escolher pilotos entre os mais bem pagos da categoria mal consegue desenvolver o carro. Fruto de uma política mal encaminhada no relacionamento com parceiros, principalmente fornecedores de motores e patrocinadores. Talvez apenas o museu que a equipe mantém na Inglaterra fique mais caro que o dinheiro que o tal Pastor irá trazer. Está na hora desta equipe ser vendida, perdeu a razão de ser. Agora é esperar 2011!
Texto escrito pelo parceiro Daniel Gimenes, para ver mais matérias do autor acesse : www.portaldanigimenes.blogspot.com Fotos World ©Sutton
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